terça-feira, 1 de maio de 2012

Rouge

Meu batom não atinge as suas órbitas,
meus olhos pintados de negro não captam a sua intenção,
apenas querem algo já pronunciado por ti.
Querem o sussurro atrás da orelha,
ainda que há distância.

Esse mesmo batom quer se espalhar
entre as serenatas repicadas.
Quer manchar suas camisas de trabalho,
para que quando chegue em casa as lave com piedade.
Quer fazer propagandas na alta circulação,
do último fato contravertido.

Já os olhos pintados,
querem absover as lágrimas de seu pranto.
Fazer a cama, que escolhe ter prazer.
E limpar a mesma cama, quando sai correndo,
para novamente ultrapassar a barreira do espelho.

Mesmo sendo, apenas, uma fantasia;
de dias de chuva ou de cansaço.
Uma fantasia que cultivas como fosse real,
para agradar algo já decidido por suas mensagens.
Apenas uma fantasia de carnaval,
usada quando todos já foram dormir,
feita com todas as características de sua célebre reclamação de macho
perpetuador da classe.
A fantasia que se pinta de rouge,
para quem sabe um dia se postar a sua frente
e dar-lhe apenas um não fantasioso.

(Monique Ivelise)

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