segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma saída


Uma saída


Quebra

Em sua face vi o meu segredo.
Sobre sua pele, o meu pranto
que seu foi por veredas desconhecidas.
Através do seu sinal, postei meus pés
na suja calçada do dia.

É você que sente minha dor,
você, que ama demais
sofre e amarra as imagens em papel
como se fossem os nossos segundos.
É você que olha meus passos
e vigia meus sonhos insanos.

Morde, avança e pula pela realidade
e finge não ser mais que um mero momento.
Olha mais perto
entre o sonho e o pecado,
meu senhor.
Sua face é mesma do início:
a preta e da mais pura sorte.

(Monique Ivelise)

domingo, 27 de julho de 2014

Valeu irmão

Vamos lá meu irmão
solte sua ira
e nada será a ti conferido
se nada é melhor
que a sua macia rebeldia

Irmão fique aí
o mal lhe protege
mesmo que as propagandas
sejam as diferentes
ao seu sabor

O destino já não é mais permitido
aos grandes sábios
às crianças perdidas
e aos mentirosos
Foi tudo uma questão de ritmo

Então meu irmão
a pérfida é maior que a sedução
o sonho ao aço
o seu carinho já não existe mais
nada meu querido

(Monique Ivelise)

sábado, 26 de julho de 2014

Manequim

Já não deve nada na vida
como antigamente
Procura um sinônimo
e depara com a estranha maneira humana
de vigiar as sensações.

Não quer a singularidade do centro
nem a multiplicidade dos cantos
finge um desacato,
em respeito a alta mordomia
nascente no seu século.
Um pleno respeito de um lugar que não é o seu
é apenas um quartinho no meio escuridão.

Prefere a balança ao espírito,
canta ao luar sem qualquer vergonha
que pareça um peça gentil.
Incrível palavra não é?
Um modelo vendido na primeira vitrine do seu bairro.

(Monique Ivelise)

sábado, 12 de julho de 2014

P.S psiu

Não sirvo aos meus modelos de vida
Senão o inesperado caminho
que os pés fazem durante o dia
e o que a boca faz a noite.

Não há nada que me compete do dia anterior
que faça algum sentido para sua forma
Se quero um gemido mais ínfimo que a conversa diária;
um aperto em função da ira,
que lhe acoberta aos fins de noites.

Sim, uma perfeita imagem de nada
igual ao pensamento de ontem.
Uma coisa qualquer que mexe os músculos opacos
de algum prazer,
que reviravolta de tantas programações.

Uma imagem, um corpo, uma vontade
de dentes e línguas
de nada que chega a diferença das quatro paredes habituais.
Já não está lá, mas a sua frente
enquanto finge que acredita que existe sonho
enquanto foge de mim.

(Monique Ivelise)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Falaceta diária

Já disseram um dia
que a novidade das vitrines
eram a falta e não o absurdo.
Eram um quem sabe
e não o com certeza.

Também disseram
que a imagem é mesma da rede.
Que não há nada escondido
através das vestes escuras
que cobrem minha pele.

Se confundiram com a cor
que pintam o meu cotidiano;
com a face que mostro publicamente
e aquela que permanece misteriosa e obscura.
Com a figura frágil da porcelana
e a potência de um vidro quebrado.

Pensam por aí que há mais de uma filosofia
para descrever as unhas dos pés;
sem que essa fosse realmente necessária
para alguma coisa.
Há uma plena maldosa vontade
de balançar os pilares da tua predita consciência.
De saciar o vinho que envenena os teus pensamentos.
Disseram um quem sabe
e nunca um com certeza.

(Monique Ivelise)