domingo, 26 de maio de 2013

Puro

Quero,
não faço,
não posso,
não devo.

Pulo do nada,
para que um dia me faça majestade.
Ressalto-me em brilho falho,
não há para hoje.
Não sonho com o hoje.

Contento com o simples,
daqueles que foge a regra gramatical.

Na verdade, é uma grande bobagem
só para os que fingem que ler.

(Monique Ivelise)

domingo, 19 de maio de 2013

Vilã da história

Hoje, meus feitiços foram convertidos em pétalas,
em maledicência,
em torturas para os ouvidos dos outros personagens.

Minha maçã já não tem o mesmo saber,
dos incríveis momentos de doçura.
Meu caldeirão, hoje, faz apenas sopas de pedras
para a minha cruel fome.

Já não tenho a pele enrugada,
minhas verrugas transformaram em sal,
aquele que adoça teu café.
Meus cabelos já não são iguais,
foram lixadas as minhas unhas.

Já não cozinho criancinhas;
já não faço mais nada
que teus contos falaram.
Que tuas cores pintaram.

Iguais a mim, foram crucificadas
por sua independência,
por sua felicidade solo.
por seus tapas.

 E a minha figura? O que resta?
Uma plena caverna de maldades,
Um ligeiro passo até a tua morte,
Minha magia condensada,
até nesses minutos ainda fazem um pequeno efeito.
Minha gargalhada independente de sua piada.

Minha vassoura já não serve para voar,
mas limpar as poeras de seu quarta.
Ainda estou descrita nos teus livro,
ainda sirvo para lhe assustar.
- Buuuu...!!!

(Monique Ivelise)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

pobre Carne

A tua fala
alta
Se faz besta
mirada.
As tuas mãos
criadas em ouro,
moídas em luxúria.

Oh célebre!
Tua cabeça
não é a coroa.
Teus passos 
fizeram José
sair pela porta dos fundos.

Oh bobo
da corte!
Era um não
ou sim?

Era apenas
uma poesia
e deus já estava
dormindo.

(Monique Ivelise)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Indiretas

Não me faça como seus modelos,
não faço o estilo de senhorita,
faço mais o estilo de buarque.
A perdida, a desolada da história,
a mal dita.

Me faço por letras,
por sangue doce,
por lágrimas viciantes.
O meu crack foi a tua dúvida,
o meu samba não é mais torto,
a minha marca ainda não foi fechada.

Me costurei por indiretas,
em tecidos de seda.
Não significa que espero as esperas,
não perco bastante o meu tempo
por amores de uma noite.
Não perdi meus segundos
em conta de sexta feira.

Não
cansei de expor minhas marcas;
permanente modes foi.

Continuo perdida, mal consagrada
nada legitimada,
um pouco ilegal.
Onde me esconde?
Atrás de uma particular figurâncias,
de moça sem sorriso,
de singelo elogios ao pé de página.

Escondo-me,
para que não tente achar.
Melhor,
não conseguiria.

(Monique Ivelise)

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Maquinárias

O tanto é uma nota,
que sobra o choro,
sem por quê.
Por que?

Já não era assim,
já se fosse
já era.
Sem erva doce.

Era tanto uma nota,
o que sobra era um choro,
sem demasiado deveras.
Não aceita?

Já foi assim,
já se fosse,
já .
Sem limão.

Uma nota tanta,
que sobrou um choro,
sem quereres.
Não foi?

(Monique Ivelise)

Pele marcada

Em segundos, os olhos são transformados
em manias.
A distância em proximidade,
o silêncio em música.

Tudo feito no balançar de ouvidos,
fazendo expectativas sem par.
À espera de pedidos,
por preços.

Tudo à espera,
naquela praça.
Tudo na caminhada;
tudo no escuro.
Tudo à meia hora.

Não foi Jorge que cumpriu seu papel,
não fui eu que sonhei pétalas
e sim, acabei ao chão.

Hoje, nada espero,
senão todas as esperas.
Espero tudo que está marcado
em tua pele.

(Monique Ivelise)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Transas musicais

Ilusões sobre um arrabal,
batida profunda,
ritmo acelerado em dedos salivados.
Boca em tato de voz.

Promessas não serão mais cumpridas,
apenas movimentos cadenciados,
de pernas que masturbam teu verso falho.

Serão sentidos olhares à sua porta.
Enquanto despreza meus sussurros.

Era apenas um par de tango,
Uma incrível forma de nada pensar.

(Monique Ivelise)