domingo, 3 de julho de 2011

Linhas de uma prostituta pensante


Um lance de dados
em sua direção.
Um lance de raios,
ainda em sua direção.
Um lance seu
que inverte a minha órbita.

Dona sou, da inerte loucura.
Que o irrita,
o prende
e o doma.

Dona sou de nada,
de nada que me junta a você!
De nada que me liga
ao mundo servil!

Mulher sou de rua,
que cobra por prazer,
de imundos cavalheiros.

Mestranda sou
de teorias caídas.
Ao mesmo tempo
do programa.

Deusa sou
de ti,
imbecil pagante
por infinitos minutos
de aproximação.

O que faço?
A cada dia, a cada noite
procuro por novos imbecis
em busca de prazer.
E cobro por isso
míseras moedas.

O que não faço?
Não cobro nenhuma ternura,
nenhuma compreensão,
muito menos, nenhuma docilidade.
Apenas abro as pernas
em função de um sistema;
em função de palavras
fundantes.
E desato em uma montaria,
um corrida, uma competição
a la presente.
Sirvo, sim, o meu corpo.
Sirvo, sim, o meu gozo.
Porém, minhas palavras, estas,
são livres e soltas.
O meu pensamento,
e principalmente,
a minha loucura.

Serve?

(Monique Ivelise)