sábado, 12 de novembro de 2011

Medidas

A minha liberdade
por um grão de arroz.
Aceitas?

A minha sorte,
por um tapa na cara.
Ainda que leve,
mas arrogante.

O meu corpo,
por uma laranja,
doce e sem sementes.

Um preço justo
por coisas sem o uso devido.
Um preço devido
tuas pretensões.

De meias patacações,
de meias loras,
de 1/2.

A minha palavra
por uma moeda.
Escolha qual valor.

Aceitas meu senhor?

(Monique Ivelise)

Posso?


Posso poder o teu poder
de pedir a tua mão para
uma viagem de pedaços.

A tua mão de pancadas,
totalmente ironizadas,
conceitualizadas, esmagadas;
mas ainda mãos.

Posso pedir os teus olhos,
os mesmo que sempre dizes
em tua poesia.
Olhos de ressaca, brancos,
negros, mulatos, são os olhos.

Também posso pedir teus pés,
cansados, descalçados, descarnizados;
Pés de atleta, atriz, de moleca.
Ainda pés.
Pés.

Posso pedir teu beijo,
que outros já foram feitos,
em outras bocas.
Beijo de sorrisos,
de morte como uma viúva negra.
Beijos frios, distantes.
Distantes beijos.
Ainda beijos.

Posso?
- Não!

(Monique Ivelise)