quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Partes

Os olhos se fazem de perdido
quando se deparam com a espera.
Uma promessa de futuro,
de visões de passados.

A boca não aparece quando
as cenas são insuportáveis;
e as palavras frágeis.

As mãos já não tocam o ar,
porém se fazem de surdas com as tuas carícias.
Já não alcançam as sonoras
melodias de teu caminho.

Assim, meus lugares
se fazem vazios;
sem o sabor de tua ritimia.
E minha cabeça
repleta de movimentos,
de ironias.

(Monique Ivelise)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Janelas cerradas

Já não se pode olhar
com a mesma cumplicidade.
Já não se pode falar,
sem a interrupção.
Já não se pode ouvir,
sem os desencontros repentinos.

Sem as palavras,
os sonhos se foram.
Sem os números,
já não se vai mais as compras.
Sem o toque,
transformou-se em milagre,
de quilômetros a fio.

Já não posso abrir mais as janelas,
sem que os ritmos se contaminem,
com o cruel silêncio de harpas.
Nossos sons já não fazem
melodias,
apenas lembram de algo
que já passou
e por enquanto não
pretende mais voltar.

(Monique Ivelise)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Saída


Comprei rezas sem saber
que eram maneiras
de ser produto da senhora
poderosa imaginada
e cansada, verde capineza.

Fui por bares, bebendo ópio.
Caindo por tabelas,
recitando poemas de caminhoneiros.
E saindo assim,
uma perfeita venda
de jornais econômicos.

Então, conquistei o poder
que estava nas mãos de damos,
e fui lavar meus pés sujos.
Sem querer, encontrei rendição;
Sem saber, tapei a cara do pequeno;
sem morder, comi as migalhas das sarjetas.

Cuspiram na minhas unhas.
Em contramão, assassinei
as promessas de minha origem,
ao saber que era pra ser uma
simples religião seguida por
pobres passantes.

(Monique Ivelise)

Sem nota


A lira das canções
se foram em busca
de novas sinfonias,
sem saber que estas
estavam ocupadas,
entretendo
os vermelhos cheques.

Os teus sonidos
se desfarelaram diante
a corridas de minhas notas.
Clavejos por tua importância esquecida,
que agora brinca de poetizar
palavras comuns,
e meio clichês,
sobre os que falam que era
amor.

Falaram de espera de claves.
O que se deu:
inúmeras tonturas,
que se fingem
de alguma coisa.
E foram assobiando
pelas calçadas acabadas.

(Monique Ivelise)