sábado, 28 de maio de 2011

Posso me sentar?

Licença!
Posso dizer algo?
Posso me sentar?
Bem no canto de tua sala.

Sei que não sou,
uma galáxia pulsante.
Mesmo assim:
Posso dizer algo?

O que virei a dizer,
com sua licença.
Poderá te abalar.
Pois se quero dizer,
dizer minha história,
a minha sociedade,
a minha.

Aquela que a senhor fez
o favor de esquecer?
Por isso peço licença!
Caso contrário abalei tuas
vísceras acostumadas.
Os teus olhos azuis e verdes.
A tua pele branca de folha A4.

Licença!?
Senhor?
Peço licença!
Posso me sentar
ao canto da sala?
Pois há muito tempo me
encontro cansada de não falar.

(Monique Ivelise)

Claridade...

Conselhos de mamãe

Um dia minha mãe me disse:
- Filha, se quieres ter poder
em tua vida.
Finges-te de burra,
Continuas tua vida.

- Mascares teus pensamentos,
Escondas tuas palavras.
Cole teu olhar.
As pessoas gostam de sentirem-se
em voga, ter um poder simbólico.

- Olhe com muita meiguice e bondade.
Fales sim, mas atrases o teu não.
Construas a face a partir do
orgulho alheio.

Não entendas de nada,
do que é falado,
do que é escrito,
do que é visto.

- Faças-te de burra,
minha filha!
Conseguiras tudo que queiras.
Faças isso, minha querida.

Depois disso,
da figura bem construída,
planeje a revolta dos burgueses,
faça o que antes foi escondido.

- Somente fingir de burra,
como muitos outros na história.
Um reino por um pretexto!

- Vá, minha amada filha:
Seja gauche na vida!

(Monique Ivelise)