segunda-feira, 11 de julho de 2011

Conversa abstrata

Ao espelho:
Parabéns para você!
Não tens nada!
Não tens amor,
não tens amizades,
não tem dinheiro.

É apenas uma fingidora,
finge de amar,
finge de sonhar,
finge de ter.

É apenas uma fingidora,
de palavras,
de metrificações.

Como finge!
Na realidade,
não é nada,
pobre maldita.

Vive vivendo a vida dos outros,
pelas fotografias,
por cenas de filmes.
Não vive!
Finge!

Que preço pode haver por sua ousadia?
A morte? Não!
A vida sem sombra!
Sem nada!
Sem ninguém!
Sem ar!

Que preço poderia haver?
Oh pobre maldita,
sem conduta.
Por que não é
igual aos demais?
Agora saia pilantra.
O que vejo neste espelho,
é uma amostra de covardia.
Vá! Vire em percevejo
e pule.
Vá! Tire-me de mim,
o desprazer de olhar-te.
Vá fingidora!
Seduza a teu capataz!
Finja!

(Monique Ivelise)