domingo, 23 de setembro de 2012

Tudo termina em samba?







Quantos massacre mais serão necessários para mudar algumas atitudes?
Só viveremos se algum noticiário fazerem o favor de mostrar algo?
Olho por olho? Dente por dente? Vida por vida?
Vinte anos passados do Carandiru, alguns dias da Favela do Moinho.
Será que ainda tudo termina em samba?
Queria dizer que sim.

O que fez?

Sou vista como a terra dos tamborins e dos repiques,
onde se dança contra tudo,
se desvia do inevitável.
Marcho por batuque cordiais,
conversar cordiais, homens cordiais
e máscaras cordiais.

Ainda assim, sou vista como a dançarina
de moles partes,
que visita as casas dos senhores, sempre cordiais,
a busca dos restos da problemática.
O meu fim foi colocado em bancos,
a espera de uma nova viagem,
em novos entres.

O que faz disso?
Uma permanente construção de hábitos.
O que se faz?
Um violão, um repique, um tamborim.
Um chão, um povo, uma terra.

Novamente: O que faz disso?
A chacumdada de um mestre,
a língua dos matreiros,
o futuro inexistente.

Novamente:
O que faz disso?
Ainda assim tudo termina em samba?

(Monique Ivelise)