domingo, 28 de julho de 2013

Aparência

Um toque feito borboleta,
daquela que voa sobre o encanto,
flutua sobre a saudade.
Um toque, um pleno pequeno momento.

O sopro,
discutido entre as esferas
do prisioneiro cantante
e o calado algoz.
Mente por natureza,
desliza por loucura.

Canta, meu aprendiz;
Chora e dança,
como se fosse uma brincadeira.
Lança sobre sua roleta,
pesca sua sorte.

Vá meu jogador,
saia de mim.
Sou o seio mais gelado,
que pousaram seu sono.

Ainda estou acordada,
pois os delírios já não fazem parte
dessa história.

(Monique Ivelise)

Lianne La Havas - Full Concert (Live At iTunes Festival 2012)(HD)

Serenata

A pobre,
digna de uma pele que não é a sua.
Cobre teus prantos,
enquanto brinca nas festas
dos sambas apagados.

A pobre,
que cantas as marchas,
colorindo os véus dos velórios,
apaga sob o signo da estrela.

Oh pobre cantada,
não foi virada, foi sorteada
entre os grandes mestres.
Por erro, parou em frente a sua janela
que ainda estava fechada.

Oh pequena colombina.
Não se faz sambas como antes,
pois os tambores se rasgaram.
Pequenas e pobres
não são histórias mais contadas.

(Monique Ivelise)

Sanos

Morreu
as vertigens,
os sonhos.

Já não faço verso como antes,
virei a esquerda na esquina.
A água já não cobre a pureza,

ainda permanece meio turva.
A minha macuinez restou nesses pingos.
Não é água, não é que

fere teus potentes desafios
não é o que faz atrás das cortinas,
aquilo que embeleza a moral senhoril,

aquela que se pede às 2 da noite,
enquanto os humildes dormem.
Não foi você que rezou durante minha morte?

Que torturou a insensatez?
Então, por que prendes a onda?
Prendes o som?

Prendes o torto?
Morreu a morte,
pérfida morte das lágrimas.

Viraram a esquerda,
sem esquecerem que ainda era uma direita.
A água limpou-se mais.

Prendes ainda o torto?
Prendes meu sonho?
Morreu sim,

Sem pretensão de voltar.

(Monique Ivelise)  

Branco

Sempre estive só
ao circo romântico.
Sempre fui acompanhante de luxo
do senso comum.
Mantive aberta aos mais estranhos seres.
Má, para alguns;
reticente, por centavos.

Conhecida,
como a carne dura,
que quebra os dentes brancos.
Pura e genil carne,
de fácil venda,
de versado transparente.
Sempre só,
sempre com a nódoa,
que suja os elegantes ternos.
Suja
sempre suja.

(Monique Ivelise)

Seguranças

Até o meu suor é invejoso.
Faz de onde não há certeza.
Fora!
Foi o pensamento,
daqueles que estavam perdidos
em função de uma estrela.
Entre!
Parou de velejar o tempo...

(Monique Ivelise)