sábado, 16 de abril de 2011

Invisível

Cobriram os meus olhos.
E agora que sou?
Marginal,
Criança.

Cobriram o meu falar,
minhas ideias,
minhas críticas.
Talvez, minha música.

Ataram os meus pés
e minhas mãos.
Debati sobre mim,
tentei dançar,
tentei mexer.
Fazer.

Taparam meu ouvidos,
estou cega!
Sem sentir tais ruídos.

Tornei-me :
Cega, surda, muda e
paralítica.
Tornaram-me:
Uma cópia, um retrato,
uma estátua.

Acabei-me em frente da
praça central da grande capital.
Bem ao meio.
Fiquei invisível.

(Monique Ivelise)