domingo, 26 de junho de 2011

Como se faz?

Faz-se a música com barulho,
com baaaruuuullhhhooooo.
Muito por sinal.
Faz-se a música,
com palavras femininas:
rosas e oblíquas.
Faz-se a música,
com passos de luto.
Comemorando a morte
da insensatez de coisas.

Como se faz um poema?
Então, meu irmão?
Com palavras?
Com músicas?
E ai? Meu mano
Escreve ai!!!

Acho de baaaaruuullhhhoooo,
de palavras femininas
e com passos de lutos,
que estavam comemorando
a tal morte da insensatez.

E agora:
É música ou é poema?

(Monique Ivelise)

Mentiras


Uma lágrima,
apenas uma lágrima,
apenas uma.
Que soltei por ti.
Pelo seu desprezo.

Foi apenas uma batida,
forte porém única,
em meu peito.
Diante da amargura da tua voz.

O que faço?
Esqueci das imagens.
Dos lapsos de memória.
Das palavras.
Dos sonhos.
Dos gestos.
Teus.

Retomo a pergunta:
O que faço?
Escrevo e viajo
na mentira de um futuro.

(Monique Ivelise)

Sexo com c

Não condiz a minha postura com
a inegável herança de ironias.
Herança branca de brados retumbantes.
Herança de prostíbulos viciados.

Minha conduta se faz de modernidades.
De puteiros sedentos por destruição,
por aparecer, por ganhar voz.
Que se faz de sexo de palavras,
de ideais desprivilegiados.

Minha conduta,
perversa,
imoral,
dolente.
Te prende, te trucida, te mata.

É levada a julgamento,
das grandes senhoras do respeito.
Sem qualquer defesa.
Só em meio de civilizados.
Só, a selvagem conduta.

Pegou 30 anos de cadeira,
sem direito a súplica.
Sem nada,
sem nada;
nada.

Hoje, trancafiada,
em uma cadeia de alta periculosidade
(que palavra bonita!)
Muda, conduta!
Hoje, há mais condutas
do mesmo jeito.
Transando pelas avenidas,
sob os tais olhos,

Há como prender?
Diga você!

(Monique Ivelise)