segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meu lugar de trabalho com as palavras...

Dama da luz vermelha

Sou inocente.
rezo todos os dias,
vejo a Globo,
tomo refrigerante famoso.

Não discuto,
não pergunto,
não mexo
sem a permissão adequada.

Não crio,
reproduzo.
Não faço,
copio.
Não assumo,
aliso.

Sou certinha,
adequada ao contexto.
Sou cordial,
receptiva.

Onde me encontro?
Em qualquer rua,
das grandes cidades,
pela noite.
E me vendo por um preço qualquer.

Quem disse que a perfeição não teria um preço?

(Monique Ivelise)

Marginal

Contrária a norma.
Contrária a Palavra.
Contrária a você.

Bato a cara do perverso,
monto na tua credibilidade.
Abalo tuas estruturas?
Penso que não.
E então?

Mostra minha origem?
É moda?
Meu descontentamento?

Não é nada disso,
é retorção,
é balançado,
é ginga!

Não sou inserida,
sou animal,
que você teme.
Sou fera,
que você tenta prender.
Sou a selvagem,
que você não entende.
Sou a índia,
que você acha exótica.
A negra,
que você estuprou.

Agora,
estou preste ao massacre
de palavras.
Palavras vermelhas
e não mais rosas.
Estou preste a desensinar.

Aguarde, senhor.
Livrei-me das amarras
e estou com fome.
Cuidado...

(Monique Ivelise)

Preparem-se

Está para começar a intensa...

Pimenta doce

Quer saber do que mais,
me esqueça,
me ignore,
me irrite.

Todas as idealizações que fiz de ti,
morreram!
Totalmente falecidas,
por crime passional,
com ataques obsoletos.

Agora o que resta é o sangue,
que ainda tem qualquer açúcar,
que não apresentam qualquer importância.

Hoje, me refiz
me fiz de dama da noite,
como batom vermelho
e olhos negros.

Hoje, me desfiz de coitada.
Tenho cachos e decotes,
tenho perigo.
E muito melhor,
tenho ousadia, tenho sarcasmo.

Então, me esqueça
Prefiro a pimenta ao doce...
Prefiro a realidade ao um
mero sonho de mensagens.

Então, me mata;
caso contrário,
te devoro...

(Monique Ivelise)