domingo, 23 de setembro de 2012

Tudo termina em samba?







Quantos massacre mais serão necessários para mudar algumas atitudes?
Só viveremos se algum noticiário fazerem o favor de mostrar algo?
Olho por olho? Dente por dente? Vida por vida?
Vinte anos passados do Carandiru, alguns dias da Favela do Moinho.
Será que ainda tudo termina em samba?
Queria dizer que sim.

O que fez?

Sou vista como a terra dos tamborins e dos repiques,
onde se dança contra tudo,
se desvia do inevitável.
Marcho por batuque cordiais,
conversar cordiais, homens cordiais
e máscaras cordiais.

Ainda assim, sou vista como a dançarina
de moles partes,
que visita as casas dos senhores, sempre cordiais,
a busca dos restos da problemática.
O meu fim foi colocado em bancos,
a espera de uma nova viagem,
em novos entres.

O que faz disso?
Uma permanente construção de hábitos.
O que se faz?
Um violão, um repique, um tamborim.
Um chão, um povo, uma terra.

Novamente: O que faz disso?
A chacumdada de um mestre,
a língua dos matreiros,
o futuro inexistente.

Novamente:
O que faz disso?
Ainda assim tudo termina em samba?

(Monique Ivelise)

sábado, 22 de setembro de 2012

Bridget Carrington -- Tonight Best You Ever Had -- Duets

Jogo de dama

Não me fiz de dama a toa.
Foi de propósitos raciais em contramão da sua opinião.
Não me fiz para receber elogios,
muito menos desassossegos.
Em dama, foi colocada em xeque,
por um cavalo qualquer.

Fiz de pura, para tentar novas casas.
Um trás da outra.
Sem assim apegar a nenhum dos móveis.
A nenhum dos senhores.
Fiz de pura por uns trocados,
aqueles que restam ao fim das gavetas.

No lugar de dama,
desfiz dos peões, os arrastei para história sem par.
Tomei o lugar de rainha e
hoje faço de realeza.
Querendo um talvez, a luz branca e compreensão.
Querendo a dialética dos mornos.

Como rainha, fiz de meus súditos invertidos;
sem saber que era uma era de politicamente corretos.

E rainha, sou a mostra de invirtuosa nação de criolos,
que seguem pelas peças sem saber que estão sendo jogados.

(Monique Ivelise)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Oferta do dia

Vende-se ideologias:
tem de 10,
tem de 5,
1,99.
O que pagar menos,
será aceito de bom grado.

Na minha mão é mais barato,
mais sujo
e comprometedor.

Tem para todos os tipos de pessoas:
baixa, alta e podre.

Vem já,
vem já cliente.
Oferta do dia:
Chegue mais.

Vende-se meu querido.
É baratinho.

(Monique Ivelise)

domingo, 2 de setembro de 2012

Era uma novidade?

Sobrado foi o assombro de minha vista,
vigiada pela elegância de sargentos neuróticos,
consumido em vertigens passadas.

Transformei seus sonhos em caos,
sem saber que era apenas uma mentira de natal,
encontrada em qualquer vitrine de 1,99.
Virei seu chão sem movimento.

Foi de fato, não houve mais licenças;
alguns, quem sabe, arrobamentos
desmoronamentos e descaramentos.
Houve uma nova peça sem protagonistas,
uma esperada espera,
feita de pícaros e malandros,
sobre o incrível e esperado carnaval.
Uau, invisível as suas vistas
não se encontraram com mais uma história repetida.

De repetidos diálogos e repetidos olhares
sob a luz apagada de um repetido e primeiro bar.
Gerando uma novo, publicado, sentido e repetido nada.
Apenas os assombros, repetidos a primeira linha.

(Monique Ivelise)