sábado, 15 de novembro de 2014

O meu preto te afasta

Meus pés ainda estão presos
meu corpo ainda se rende
a vontade do seu chicote
mata, guarda, prende e volta
prende, guarda, volta e mata

mata alguns sonhos
que são regidos a maestria dos tambores
sai ao ritmo de quem foge
mas não consegue sair
sai e volta, para encontrar-se com a morte
mesmo assim volta e mata as ilusões
sonha e foge

segue a linha da dança
e chora no asfalto
rasga o cabelo
na pretensão que seu sangue
não mais limpe seu choro
não deixe mais clara sua visão da vida
rasga o cabelo e chora na linha
dança nos espinhos
rasga o seu brilho
ao dar de si a sua carne
atrás da grande casa
rasga a memória
rasgam seu sexo
ainda rasgam seu cabelo

ainda dança em direção aos tambores
para encontrar a sua tonalidade
disfarçada nesses trechos
o sangue já não é visto
assim lhe guardam, lhe prendem e lhe matam.

(Monique Ivelise)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Medos

Dói que se fosse ontem
o peito pulsa
a vontade se despede
a busca de imagem perfeita e serena

bate, e desperta um súbito desejo
de nada que seja previsto
de tudo que foi feito
uma mágica aos seus descontrolados medos

medo de fugir
medo de fingir
medo de ceder
medo de apanhar
medo de ganhar

os seus encantos,
os teus desalinhos
os seus profundos olhares
os teus mersos quietos
mersos mesmo

Dói adiante com a caça perdida
dói uma construção de sua figura
fique e se perda por aí
pois anedotas e dedicatórias não são pra qualquer um.

(Ivelise, Monique)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

I Stand Alone - Robert Glasper Experiment featuring Common & Patrick Stump

Cartão postal

Enquanto durante as noite revela teus segredos
Ao raiar do dia, tapa as palavras
como se fossem pequenos defeitos
que teus legiões nunca poderiam saber,
coisas que o fazem modelo de uma ideologia qualquer.


Em contramão, o meu peito se afasta
dança ao contrário da sua presença
esperando ter a coragem de ir embora.
Ainda fraco, um dia vai
pois não aguenta o teu medo internacional
Vai, querendo ficar
mas ainda vai.

Continuar será o seu destino?
Permanecer, a tua cruz?
Fique, o medo te acompanha.

(Monique Ivelise)