domingo, 1 de maio de 2011

Construído ou naturalizado?

Há quem diga que o Brasil é um país livre de qualquer preconceito, um país ótimo para se morar, um país onde todos convivem num marasmo de doçuras. Será?
O que digo é que vivemos em um país coberto por máscaras, coberto por convenções tolas, que tentam nos afastar da triste realidade. O que digo é que ainda somos um povo preconceituoso, um povo que preza certas atitudes, ao invés de outras. Por que? Qual é a origem disso?
Ponho a culpa na nossa formação sócio-ideológica, que trilhou por caminhos da exclusão. Falar aqui da posição do negro na sociedade, não é novidade pra ninguém, então por que atos e posturas racistas teimam continuar?
O Racismo é um conceito construído, por muito tempo, por muitas ideologias; que às vezes parece ser natural; pelo menos para algumas pessoas. Como é o caso acontecido mo Twitter hoje, dia 1 de maio de 2011. Uma menina com nome de "Flavinha Amorim", postou uma série de citações com conteúdo totalmente preconceituoso a respeito do time do Flamengo e sua torcida. O que deve ser ressaltado é sua postura racista, não pode se falar do time. Coisas do tipo:

"Cruz credo, só aparece preto na torcida do flamengo, que nojo" ( http://twitpic.com/4s3ddq/full )

"Ronaldinho, seu preto safado, macacoo, crioulo, batedor de carteira." ( http://yfrog.com/h7r8vsaj )

São falas totalmente excludentes, que representam um boa parte da sociedade. Falas que representam um país que é um paraíso tropical. Um paraíso camuflado, sem oportunidades, sem educação, no sentido mais geral da palavra.

O que fazemos em reação a essas coisas? Se somos cidadão. Ou não?
Não basta a denúncia de tipos como esse. Devemos construir, todos os dias, novos conceitos livres dessas máscaras, que nos cegam e nos amarram. Não simplesmente achar natural, coisas como essas.
Pois não é a primeira vez que acontece, e infelizmente, também não a última. O deputado federal Jair Bolsonaro, que o diga né!

Finalizo aqui, suplicante diante estes fatos lamentáveis. Suplicante por uma nova formação social brasileira, através da Educação intensiva. Suplicante por novas construções ou novas naturezas.

(Monique Ivelise)







O que não sou

Não sou nada
Não quero nada
Não ligue.

O meu não-ser é bem maior,
que o ser prometido.

De tantas identidades,
o corpo se desfez,
esfarelou-se;
tornando assim,
qualquer coisa.

Talvez não seja tão fácil,
O não-ser é ser autero demais.
Ser-não cansa o ser-de- quem se fez.

Sei que não sou,
mas sou o que não sei.
E se isso se isso não sabe,
não foi o que era.

Se certamente não sou,
então, como viver?
Se, porém, sou?
O que ser?

Sem rosto,
sem beijo,
sem sorte.
Muito menos sem cor.

Não-ser ou ser?
Era uma questão...

(Monique Ivelise)