segunda-feira, 28 de maio de 2012

Subtração



Faça o que quiser,
deite por por aí,
fale incompreensões,
não aceite o mínimo como oferta,
nem o máximo como herança.


Evite confissões,
sem teu algoz,
pare nas linhas verdes
e cruze as vermelhas..


Não espere pelos outros, 
uma forma amável de lidar.
Não ame os seus próximos,
Evite os sãos, 
aqueles que realmente sabem o que fazem.
Ou pelo menos, 
dizem que o fazem.
Não adicione, nem multiplique 
as variações da minha fala,
de detentora do saber.

A incrível poetiza,
reconhecida pelos becos sujos,
licenciada pela academia de poetas mornos
e aprovada por seu discurso comum,
de figuras comuns e gente comum.

Não faça de louco,
pois não sabem as opções de seu ato.
Nem queira as sombras lunares,
sem saber as pedras,
que veem junto.

As pedras já não fazem os mesmos estrondes,
já não quebram as vidraças da mesma maneira.
Foram contraídas em pó .
Em pó, serão jogadas nas águas 
do teu esgoto,
da tua rua,
dentro da tua sala de visitas.

Então:
Saia daqui 
e faça algo melhor, 
que leitura de poemas.



Não se faça de intelectual.
Realmente, faça algo melhor.



(Monique Ivelise)


domingo, 27 de maio de 2012

" com meu defeitos
insuportáveis.
Sofro,
choro,
silencio.
Sou Dama das Camélias Encarnadas.
Sou uma ferida
bem vestida
e maquiada."

(Fernanda Young)



quarta-feira, 23 de maio de 2012


"Hoje você vai ter que fingir que preto é a tua cor favorita
...
Pólvora não é tempero,
então cuidado com que você põe na boca..."

Desmistifique suas posições, não se faça de hipócrita, que finge não ver... que finge não enxergar...
    





terça-feira, 22 de maio de 2012

Emicida e Rael da Rima em "Num é só ver" no Estúdio Showlivre

Uma só nota

Me falas todos os dias, que vou ficar sozinha na vida,
serei sozinha aos 30 e aos 50.
Não agradarei meus entes falecidos.
Não agradarei se não a mim mesmo.

Não programarei todas as minhas querências duplas,
em função de um nada, que vive em particular.
Serei uma só sem vez,
de brigar,
de chorar,
de amar,
de recusar,
tudo que se faz sem par.

Me falas, que não sou possível de rir de comédias
e chorar por dramas atuais.
Que só sei escrever em diários, o que queria falar
de meus inimigos.
E fazer atribulações somente nos ares irreais.

É, não vou dizer que falas apenas bromas,
mas também não sou exatamente o que desenhas,
se não uma bailarina sem chão.
Procurando uma nota para movimentar,
e quem sabe fazer uma sinfonia.

(Monique Ivelise)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Vou te falar...

Vou te falar:
as palavras já não são as mesmas,
os atos já se foram
atrás de algo melhor.

Vou te falar:
as intenções são diretas, objetivas e infalíveis.
Não vão mais por um caminho tortuoso,
obscuro,
esperando a resposta.

Ainda vou te falar:
o que espera por mim, é a completa demonstração
de falida instituição de sorrisos.
O que espera por ti,
um despejo de ameaças,
completamente malucas.

Vou te falar:
Deseje o mais completo absurdo
e queira ainda mais.

(Monique Ivelise)

domingo, 13 de maio de 2012

Paredes caladas





Caladas em meio da multidão e um brado no sentimento

Correntes contemporâneas

Já se passaram 124 anos, desde o dia que que se desfez um dos maiores enganos mundiais, assumindo a imbecilidade de prender pessoas e torná-las escravas, em favor de um bem que não foi divulgado.
Ainda dura, em meio do século XXI, as amarras que prendem esse país sem ordem e progresso em uma máscara.
Não devemos comemorar uma data, que nunca deveria ter acontecido nessa terra de Cabral. Não devemos comemorar uma data, se ainda somos escravos de alguns donos, mesmo que não queira que se ver.
Um dia sim para ser lembrado, como aquele que alguns se deram conta do erro cometido, como amostra do modelo fingido.
Um dia que deve ser lembrado em sinal de nosso sangue, em sinal do nosso futuro.
Vivemos em meio de correntes, muito mais fortes e resistentes, que as primeiras. Correntes soldadas com nossa arrogância de pensadores de gelatina. Perpetuamos ainda mais nosso descaso, a imensa vontade de eliminação dos diferentes.
Se hoje é um dia que representa a liberdade, ainda que entre aspas, de um povo migrado; fez-se até então a prisão, devido o que nos foi servido em bandeja de cristal: o nada como herança.
Sim, foi oferecido os restos, as migalhas, que caíram da vossa boca ao mastigar suntuosamente. Sim, foi oferecido as amarras como a fotografia infantil, que relembra os tratos com a minha gente. Sim, foi oferecido a imagem "natural", propaganda de um qualquer em nosso favor.
Finalmente, sim, foi oferecido aos meus, o sangue como forma de explanação; um discurso que alguns acham passado, igual e completamente monótono.  Hoje só foi oferecido a mim as mesmas correntes e um calar de voz.


(Monique Ivelise)

sábado, 5 de maio de 2012

Fotografias

Ao falar, vejo que as órbitas já foram feitas,
as expectativas programadas e
os quadros apagados.
O que sobra é um tipo e melhorado jeito de tentar
entender todas as ações do seu dia-a-dia,
aquilo que te faz pensar nas estrelas.
Como faz para dizer as idiotices do seu cotidiano,
ao brigar com seus amigos na porta do bar.

São apenas suposições,
ao reconhecer o seu tipo de pele,
como faz para dormir em dias de chuva e
quando acorda em dias de sol.
São apenas suposições enquadradas
em 10x15, ao saber o seu lugar de meditação,
quando sente-se uma lágrima, ao rolar em seu rosto.
Ainda suposições, ao fazer hinos de salvação
para os infiéis, das calçadas frias;
também, quando tocas no príncipio
da modernidade tardia.

Faço aqui é inventar uma vida de personagem cinematógrafico,
para ti, suas aventuras nas ruas desalmadas.
Faço neste local, danças da chuva,
esperando novas estações;
para quem sabe um dia lhe revelar,
em papel novo e transformado em sementes mortas.
Faço aqui neste lugar,
esperar que tome vida,
para quem sabe não mais trabalhar.

(Monique Ivelise)

terça-feira, 1 de maio de 2012

Progresso aparente

Cada vez que o tempo passa e a globalização avança, juntamente com um discurso de liberdade e fraternidade, em contramão, o mundo fica mais tradicionalista, mais repressor e muito mais perigoso.
Mais se sente preso a convenções tortas, que não fazem mais que trancar os avanços que muitas pessoas correram atrás, por um longo tempo.
O ópio do povo não é mais somente a religião, mas a imagem que foi construída de vida. Aquela do qual toda a diferença deve ser eliminada e tirada de cena. Assim, pintar um quadro perfeito, da casinha no monte com as arvorezinhas ao lado. Aquela que as pessoas devem ser totalmente iguais, de cabelos, olhos e visões iguais.
Será que estamos construindo, com isso, um "novo e melhorado" tipo de ditadura?
No entanto, uma ditadura que não se desfazerá com 20 anos, com pólvora e desaparecimentos de corpos, e sim pela exclusão do uso da palavra e de sua força linguística. E sim pela exclusão da visão, da vontade de comunicação segundo seu próprio modo.
Tenho medo pelos meus iguais e principalmente pelos meus diferentes, se daqui algum tempo não for mais possível sonhar.


(Monique Ivelise)

Rouge

Meu batom não atinge as suas órbitas,
meus olhos pintados de negro não captam a sua intenção,
apenas querem algo já pronunciado por ti.
Querem o sussurro atrás da orelha,
ainda que há distância.

Esse mesmo batom quer se espalhar
entre as serenatas repicadas.
Quer manchar suas camisas de trabalho,
para que quando chegue em casa as lave com piedade.
Quer fazer propagandas na alta circulação,
do último fato contravertido.

Já os olhos pintados,
querem absover as lágrimas de seu pranto.
Fazer a cama, que escolhe ter prazer.
E limpar a mesma cama, quando sai correndo,
para novamente ultrapassar a barreira do espelho.

Mesmo sendo, apenas, uma fantasia;
de dias de chuva ou de cansaço.
Uma fantasia que cultivas como fosse real,
para agradar algo já decidido por suas mensagens.
Apenas uma fantasia de carnaval,
usada quando todos já foram dormir,
feita com todas as características de sua célebre reclamação de macho
perpetuador da classe.
A fantasia que se pinta de rouge,
para quem sabe um dia se postar a sua frente
e dar-lhe apenas um não fantasioso.

(Monique Ivelise)