sábado, 2 de abril de 2011

Era uma vez uma realidade escondida

Quando você menos espera que aparece a maiores lições de vida, em uma pessoa que você mais critica. Um sujeito qualquer, de uma rua qualquer.
Um dia, da semana passada, estava esperando ônibus para casa, depois de dar aula. Havia um senhor próximo de minha pessoa. A primeira impressão que tive deste homem, não foi tão boa, admito. Devido os seus trajes, o seu harmonioso bafo de pinga e seu olhar estranho. Tenho que admitir que estava com medo e trajada de um pré- conceito peculiar, infelizmente.
Continuando, estava somente eu e o senhor no ponto de ônibus. Após alguns minutos, já com a demora do ônibus, o senhor dirige a palavra a mim, então se inicia uma pequena conversa. Primeiramente falamos sobre as linhas de ônibus e seus respectivos horários. Depois, ele me contou que estava indo para uma fila para um atendimento médico, que seria somente no outro dia. Ele disse que iria para essa fila, por que tinha prometido a uma vizinha, que a ajudaria. Comecei a desconstruir a impressão que tinha sobre ele. Então daí, disse que tudo que possuía era ganhado, e não tinha precisado comprar nada até hoje e tinha muito orgulho por isso, e só tinha a agradecer à Deus por todas as coisas que conquistou até a data. Fiquei impressionada, como aquele senhor tinha tanta alegria em seu coração, e apesar de ter tão pouco, pelo menos pra mim era. Aquele senhor com suas roupas e sua cobertinha, que serviria de abrigo para madrugada mordaz que se aproximara. Aquele senhor, feliz que poder ajudar um ente querido da sua maneira.
Então começamos a realmente conversar, ele falou que perdeu sua mãe com 5 anos e seu pai, com 5 anos e 1 mês. Apesar desse fato triste, ele sempre permanecia consigo seus pais em todos os dias de sua vida, lembrava a cada momento. Seriam eles, segundo o próprio, que fornecia essas coisas, desde sua casa que morava, que não paga aluguel, seus presentes, e principalmente, sua vida.
Vocês devem estar imaginando o por quê de escrever isso.
Foi só mostrar-lhes, o quanto nós reclamamos da vida, totalmente à toa; o quanto nos prendemos à pré- conceitos tão bem construídos, sem ver que a realidade é feita dessas todas contradições que teimamos em tampar. São exemplos comuns, como esses que tiramos essas máscaras.

(Monique Ivelise)