domingo, 17 de junho de 2012

Criolo - "Não Existe Amor em SP"

Modelagens

Cala boca!
Cala para as minorias,
lembranças de algo maior.
Não fiz de nada, para ser postulada como modelo.
Fiz de nada, ainda assim sou lembrada entre os pequenos.

Aquela que se desfaz em horas, de pequenos pecados;
segundo nosso são senhor .
Puritana, nunca serei.
Programa, me restará os centavos das noites.
Comentada, nos jornais malditos.

Fui posta no altar das madames, 
que se espelham ao casar.
No entanto, casamento não me pertencerá,
devido a minha crua história.
Não me pertencerá os hidratantes de mel,
somente as picadas das abelhas ao produzi-lo.
Sendo posta nesse altar,
virei a santa e pura inocência dos criolos, 
ao olhos dos repórteres.

Cala a tua boa, 
quando pensar mais uma vez em brincadeiras.
Fazer, outra vez mais, os mesmos movimentos.
Fazer, outra vez mais, as mesmas mortes.
Sou o marrom arregalado, com toques de canela;
na tua receita clandestina.

Não faço mais estes papeis,
não quero nada.
Cala a tua santa boca de porcarias;
cala o teu senso de galanteador.
Cala a boca, 
caso contrário eu mesmo a faço.

(Monique Ivelise)

Primeiro lugar

Queria ser a primeira pela última vez
a aquela talvez,
a amostra de vogais.
Ser a salvadora de tua pátria falida,
sem presidentes, sem poetas, sem herois.
Ser o ser sem dente,
pelo cansaço da mastigação.
Ser o nada ser, sem perguntas, sem questionamentos.

Me partir, parindo a porra da sensível ideologia.
Só falo assim, um monte de vigilâncias abertas.
Só penso assim, a partir de todos.
Só respiro venenos,
só contraio remédios.
Só mando pra essa porra,
os analfabetos poéticos.

Me parto sem parte qualquer,
qualquer mínima normalidade.
A última dos últimos tempos.
A primeira de primeiras crises.

Rasgo-me e fui despida,
em função de nada igual.
Rasgo-me, sendo sensação do circo.
A primeira dos últimos,
A primeira da fila sem ninguém.

Queria ser a primeira pela última vez,
a talvez nada,
de vogais amostradas.
Queria ser um lugar.

(Monique Ivelise)

Energia solar

Os postes se acendem conforme o pedido
do coronel das primaveras inconformadas.
Os postes acendem-se devido o produto acabado,
pelos mestres de ofício.
Os postes produzem luz,
uma luz escura,
de raios violentados.

Já não fazem postes,
como antes:
altos, imponentes e sábios.
Deu lugar a uma boa e misturada energia solar,
a uma boa e repudiada,
a uma visão distorcida dos ângulos adjacentes.

Ah meu amigo:
será possível lembrar de algo que nunca viveu?
Dos postes que iluminavam a nossa sacada,
o nosso caminho do parque.Energia
Diga-me:
É possível fazer da pena uma sinfonia?

(Monique Ivelise)