domingo, 23 de junho de 2013

Dorme, meu querido

O seu reflexo se desfez por outros caminhos,
não há mais nada aqui,
somente um enredo desfeito por suas ironias.

O seu rio secou, 
o seu não já existe.
O seu se foi.

Guardas tua beleza, 
não seu velho trincado espelho.
Admiras tua figura em canto incessante,
que já passado por outras audições.
Foges desta terra,
não há mais vagas para teu Eco.

Oh meu querido Narso,
quando te encarei não vi meu rosto,
não vi nada que ligasse ao teu coração;
frente a frente,
o que restou uma plena ironia.

Oh meu querido amor,
não faço costura para fora,
não cozinho teus sabores;
apenas assassino as árvores de teu chão.

Um adeus,
fique com tuas ninfas, 
que te respondem os precipícios,
aquelas que colorem tuas pinturas.
Continues belo,
absorves o Estige.

A mim cabe outro caminho,
um tortuoso som de agulhas,
vingo-me por outras.

Não vás entender o que disse neste clamor,
não soltarás um sorriso ingênuo,
um urro sem som.
Quando, sim, compreender,
já estarei em outra instância
fazendo-me de deusa sórdida. 
- Um bom sonho!

(Monique Ivelise)

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