segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Animal sem estimação


Quantas vezes parei no meio da estrada,
esperando carona do desconhecido.
Quantas vezes não dancei até o final,
esperando a sorte de ser acompanhada.
Quantas vezes, não é meu amigo.

Sujei todas as paredes de amarelo,
esperando um raio de sol.
Molhei todo o chão de água,
esperando a maresia.
Quebrei todo o teto,
esperando sentir o cheiro de café novo.

Tornei-me um animal,
onde as lembranças foram embora.
Tornei-me um animal,
onde todas as ações tipicamente humanas
foram extirpadas.
Tornei-me animal,
para alimentar dos restos dos sonhos.
Tornei-me animal,
que desistiu da espera.
Animal sem estimação.

Como não sou estimada,
procurei novas histórias,
novos passados.
Como não sou,
as vezes tornaram completas.
Como não sou,
estou presa às vistas
do público a passeio,
que admira a nova atração.
Como não sou,
virei gente.

(Monique Ivelise)

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