segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sonhos de mulher


Foi para a janela,
se casar com o tempo passado.
Posto em um singular branco vestido,
em uma maquiagem branca
e um sorriso totalmente preto.

Esperava um oficial,
para o massacrante momento,
com seu sorriso preto.
Esperava a valsa vienense,
para cair em saltos.

Por sua vez, o noivo esperava
de canto a canto.
Esqueceu-se do horário marcado.
Pôs-se bêbado em um botequim qualquer.
Entre sambinhas de pingado.
Entre quitutes de sinhá Maria.

Enquanto isso,
chora a moça do preto sorriso.
Que um dia acreditou
em histórias de amor.
Espera na janela,
até que seu corpo parou.
Sem mexer qualquer partícula.
Parou,
como se fosse possível
voltar ao tempo passado.
Parou a preta do sorriso.
Cansou.

Então, sambou o noivo da preta rocha.
Comeu e comeu.
Comida e a fantasia.

Do outro lado, o sorriso quebrou
da preta que de branco traje.
Furou.
E também comeu.
Comeu!
As bactérias e o esquecimento.

A pequena preta
do sorriso preto pretado.
Foi e ficou na janela.
Desacreditou, parou e comeu.

Então, senhores pequenos, conto-lhes:
"Era um vez" que nunca começou,
mas comeu.
Era uma vez a tal do sorriso preto,
que iria casar com o passado noivo,
que o tempo se foi.
Se foi,
porém de barriga cheia e
de dentes brancos.

(Monique Ivelise)

Nenhum comentário:

Postar um comentário