Então seu Zé: eu tava xônado pela Teresa, mas ela nada
queria comigo. Fazia tudo por ela, sabe. Comprava flor, chocolate, até troquei
de time por causa daquela cachorra. Ela gostava de um tal de Raimundo, um
caboclo nojento, que não dava confiança pra ela. Sabe o que eu fiz: fui parar
nos Estados Unidos, ilegalmente. Fiquei trabalhando durante vários meses. Ai
comecei ganhar dinheiro. Fui ficando rico, rico, rico... Ai voltei pro Brasil e fui procurar a Teresa e ela foi parar no
convento. Dá pra acreditar? Era minha única esperança de ficar com Teresinha e
tinha ido tudo pro poço. Então seu Zé, para tirar aquilo da minha cabeça,
comecei a gastar tudo que eu tinha ganhado com bebida, farra e mulheres. Hoje,
estou eu aqui na mesma praça, na mesma rua e no mesmo jardim, tentando viver
sem a memória daquela vadia. É seu Zé, se eu me chamasse Raimundo, eu seria uma
rima e não uma solução, sabe. E agora seu Zé, eu fico por ai com o minha amiga
de verdade, a marvada da cachaça. É triste seu Zé, ter apenas duas mãos e todo
o sentimento do mundo. E agora seu Zé?
(Monique Ivelise)
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