Já se passaram 124 anos, desde o dia que que se desfez um dos
maiores enganos mundiais, assumindo a imbecilidade de prender pessoas e
torná-las escravas, em favor de um bem que não foi divulgado.
Ainda dura, em meio do século XXI, as amarras que prendem
esse país sem ordem e progresso em uma máscara.
Não devemos comemorar uma data, que nunca deveria ter
acontecido nessa terra de Cabral. Não devemos comemorar uma data, se ainda
somos escravos de alguns donos, mesmo que não queira que se ver.
Um dia sim para ser lembrado, como aquele que alguns se
deram conta do erro cometido, como amostra do modelo fingido.
Um dia que deve ser lembrado em sinal de nosso sangue, em
sinal do nosso futuro.
Vivemos em meio de correntes, muito mais fortes e resistentes, que as primeiras. Correntes soldadas com nossa arrogância de pensadores de gelatina. Perpetuamos ainda mais nosso descaso, a imensa vontade de eliminação dos diferentes.
Se hoje é um dia que representa a liberdade, ainda que entre aspas, de um povo migrado; fez-se até então a prisão, devido o que nos foi servido em bandeja de cristal: o nada como herança.
Sim, foi oferecido os restos, as migalhas, que caíram da vossa boca ao mastigar suntuosamente. Sim, foi oferecido as amarras como a fotografia infantil, que relembra os tratos com a minha gente. Sim, foi oferecido a imagem "natural", propaganda de um qualquer em nosso favor.
Finalmente, sim, foi oferecido aos meus, o sangue como forma de explanação; um discurso que alguns acham passado, igual e completamente monótono. Hoje só foi oferecido a mim as mesmas correntes e um calar de voz.
(Monique Ivelise)
Nenhum comentário:
Postar um comentário