sábado, 7 de abril de 2012

Pretas imagens


A preta só se faz por bela em letras de sambas tupiniquins
A preta só se faz o bem quando em carnavais agostinos.
No retrato, para falar de igualdade des-social.

Na hora da fila é passada pra trás,
pois senhoras dessas cores podem esperar.
Na hora da escola, foi repetida pela quinta vez,
por que criança suja não tem comida em casa.
A preta só serve para limpar casa de sinhô,
a preta só serve pra dá cumida pra sinhô branquinho,
a preta só serve pra sentir dor,
a preta só não serve pra falar.
Por que preta não pensa né, sinhôzinho?
Foi o que o sinhô falou, pensou e deitou...
em seus sonhos mais escondidos,
que não podem ser falados a alta voz,
pois vivemos em uma nação livre, que respeita os ditos diferentes.
Pelo menos era que estava rabiscado naquela coisa
chamada de constituição.

Enquanto isso, continua a preta sendo cantada
em belas letras de belos cegos.
Em belas e amargas imagens de pretos caminhos

( Monique Ivelise)

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