Qual tua intenção, querido,
quando passa pela rua
e me fala as tuas tonterias?
Quando ao me ver,
deseja o meu corpo,
e elogia minha pele.
Que em dias de feiras,
servem para limpar
o teu vaso de obscenidades.
Em dias chuvosos,
permanecem na calçada fria,
em espera de uma moeda pequena.
E tu, querido, passa sem sentir,
sem o mísero entortar de pescoço.
Qual o teu desejo, quando olha pra mim
e saliva, ao dirigir teu olhar para meu corpo?
Se em momentos de rezas,
pensas em santas claras de rosas concebidas.
Se em diálogos,
não me dá a vez,
apenas pede que compre
o desinfetante mais barato no mercado.
Qual é, realmente, o teu desejo querido,
ao me descrever como o sexo quente?
Se sirvo de potra,
de reprodução para tua fazenda.
Ao pintar novos funcionários
para teu incrível estabelecimento religioso.
Não é verdade?
Então, me digas, querido:
depois desse gozo reprimido que tens sobre mim,
sobre meu corpo, o meu cabelo, e de minhas unhas,
como ainda transforma minha primavera,
na última esperança de minhas palavras?
Se faz do meu lugar, a vítima do meu abuso,
ao ver as únicas coisas brancas que existem em mim:
o fundo dos meus olhos.
Então querido:
me ofereces a promoção do dia?
Ou eu mesmo a roubo?
(Monique Ivelise)
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