sábado, 28 de fevereiro de 2009

Dupla de brasileiro e norte-americano lança seu primeiro disco
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THIAGO NEYda Folha de S.Paulo
Tom Waits, David Byrne, Kanye West, Karen O. (Yeah Yeah Yeahs), Chuck D. (Public Enemy), John Frusciante (Red Hot Chili Peppers), M.I.A., George Clinton. Parece a lista de convidados de uma festa de aniversário da Paris Hilton, mas são alguns dos artistas que estão em "The Spirit of Apollo", disco de estreia da dupla N.A.S.A..
N.A.S.A. é acrônimo para North America South America. Explica-se o nome: o duo é formado pelo norte-americano Sam Spiegel (irmão do cultuado cineasta Spike Jonze), 29, e pelo paulistano Zé Gonzales, 39.
"Spirit of Apollo" acaba de sair nos EUA, em lançamento do selo Anti. Com tanta gente envolvida, o disco poderia ter saído como um frankenstein formado por várias faces e nenhuma personalidade. Mas a dupla costura as diversas referências (pop, rock, hip hop, eletrônica) com precisão e fluidez.
"Acima de tudo, é um disco de produtor. As músicas têm uma uniformidade, mesmo aquelas que trazem instrumentação mais heterodoxa", diz Zé Gonzales à Folha, de Paris, uma das cidades que recebem show do N.A.S.A..
"Ao ouvir o disco, você verá que tem começo, meio e fim. Os temas [das faixas] estão ligados, há uma certa história. Há uma ligação de temas. A todo artista que convidávamos, explicávamos o que era o projeto, como a música deveria soar, como seria a colaboração."
A maioria das participações foi gravada ao vivo, em estúdio. Para isso, Gonzales e Spiegel viajaram a lugares como Jamaica, Nova York, Havaí, Estocolmo, Chicago, San Francisco e Brasil (aqui, produziram parte da instrumentação e da percussão do álbum). Apenas três artistas não colocaram suas vozes ao vivo: David Byrne e os rappers americanos Ol' Dirty Bastard e Ghostface Killah.
"Quando começamos a fazer o disco, não tínhamos gravadora. Foi complicado, faltava dinheiro. Mas o projeto foi crescendo e ficou mais fácil convencer outros artistas a participar. Muitos deles toparam colaborar sem ganhar nada."
Gestação
No Brasil, Zegon (como Gonzales se apresenta nos EUA) já produziu ou tocou com artistas tão variados quanto Planet Hemp, Racionais MC's, Sepultura e Wanessa Camargo.
Nos EUA, Zegon discotecou em clubes e festas. Mudou-se para Los Angeles em 2003 (para a casa de Mario Caldato, produtor de Beastie Boys e Mallu Magalhães, por exemplo). Numa dessas festas, conheceu Spiegel (que também atende por Squeak E. Clean).
"No dia seguinte, começamos a fazer música, por brincadeira. Passados uns três meses, tínhamos várias coisas. Gravamos uma faixa com o [rapper] Fat Lip. E queríamos que o Ol' Dirty participasse dessa faixa, pois eles têm estilos diferentes e essa união ficaria curiosa."
"Mandamos as bases e ele topou. Depois entrou a Karen O., que gravou o refrão dessa mesma música. Então surgiu a ideia de unir extremos da música pop. E fomos atrás de colaborações inusitadas, como David Byrne com Chuck D., ou Tom Waits com Kool Keith."
A gestação do álbum durou cinco anos --apenas no ano passado "Spirit of Apollo" foi finalmente concluído (após Kanye West colocar a voz em "Gifted", música que traz ainda a hypada americana Santigold e a sueca Lykke Li).
O longo período fez a dupla temer colocar nas lojas um disco que já sairia datado.
"Ficamos um pouco inseguros, pensamos em atualizar algumas batidas", lembra Zegon, "mas decidimos levar adiante o que havíamos produzido. Não fizemos um disco de moda, não tem a cara de 2008 ou de 2009. Não é de época nenhuma".
Em "The Spirit of Apollo", hip hop, rock e eletrônica aparecem diluídos em arranjos quase experimentalistas. A dupla quer colocar suas faixas nas pistas e, para isso, convocou DJs e produtores como Soulwax e Justice, entre outros, para remixar todas as músicas do disco. Esses remixes serão lançados oficialmente em breve.

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